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BIO

Pintar sempre foi mais do que uma afinidade — uma necessidade que me acompanha desde a infância. Autodidata, sigo impulsionada por uma curiosidade constante nas intersecções entre cultura visual, novas tecnologias, ego, representatividade e os modos de ver e ser visto. Grande parte do meu trabalho nasce das imagens compartilhadas nas mídias sociais — lugares onde o íntimo se torna público e onde a performance da imagem ganha contornos cada vez mais coreografados e efêmeros. Mas não só: outras séries partem de retratos antigos, arquivos familiares ou cenas reconstruídas pela memória.

A série Invasão de Privacidade, iniciada em 2010, começou com pinturas de amigos e conhecidos — imagens que surgiam espontaneamente na minha linha do tempo. Com o tempo, essas imagens passaram a vir de perfis desconhecidos, o que refletia também uma mudança no próprio meio: o algoritmo ampliava o alcance das postagens individuais para além do círculo pessoal, inaugurando o que mais tarde se tornaria a cultura da influência digital. A seleção, sempre intuitiva, acompanha esse movimento — não apenas registrando, mas tensionando as relações entre desejo, visibilidade e efemeridade.

Já em Fake Cowboy, a busca se concentra em hashtags: palavras escolhidas pelos próprios autores para que suas imagens circulem, sejam vistas, reverberem. O trabalho, no entanto, jamais se propõe a ridicularizar ou criticar o modo como esses sujeitos se expõem. Ao contrário: trata-se de uma homenagem dentro de outro contexto. E contexto muda tudo. Ao transpor essas imagens para a pintura, proponho outro tempo e outra leitura — revelando camadas que escapam ao olhar veloz da rolagem.

Mais do que reproduzir, busco dar nova presença ao que estava prestes a desaparecer. Cada obra é um gesto de atenção. Um modo de olhar — e de reencenar a espessura do instante.

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