Em julho de 2009 apresentei, na galeria do Jazz nos Fundos, em São Paulo, a série Niteróika, que permaneceu em cartaz até 1º de agosto daquele ano.

O Jazz nos Fundos era um espaço singular na cena cultural paulistana: localizado literalmente “nos fundos” de um prédio na Vila Madalena, funcionava como ponto de encontro da cena musical e artística underground. Mais que um clube de jazz, era um reduto intimista e experimental, onde música, artes visuais e literatura se encontravam fora do circuito comercial, criando uma atmosfera de descoberta e improvisação.

A série Niteróika nasceu de uma experiência pessoal. Durante meus estudos em Paris, conheci uma pessoa com quem perdi contato e anos depois reencontrei através do Facebook ainda em seus primórdios. Ela postava fotos abertas, ora sensuais, ora como fotógrafa, ora ao lado de namorados, amigos ou amantes.

Acompanhei essas postagens e transformei esse material em pintura. Foi assim que criei Niteróika: uma série baseada em mídias sociais, mas ainda ancorada em fatos reais.

As telas buscavam congelar o movimento, revelando o feminino, a transitoriedade da experiência urbana e afetiva, e o instante único da exposição da vida online antes da era da curadoria excessiva e da invenção total de feeds digitais. 

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