Oblivion
Estado de esquecimento permanente
Oblivion é uma série feita em 2017 composta por 10 obras, desenvolvidas em diferentes plataformas, que parte de uma inquietação pessoal: o modo como lidamos — ou deixamos de lidar — com o aquecimento global e as mudanças climáticas. O título, que significa esquecimento em português, carrega um tom de sátira. A cada dia, seguimos em direção ao abismo, mas bem vestidos, com fotos cuidadosamente tratadas e produzidas para caber na narrativa polida das redes sociais.
A série nasceu justamente desse paradoxo. As imagens foram construídas a partir de fotografias postadas em mídias sociais de pessoas usando casacos de uma marca icônica e reconhecida mundialmente. Esses casacos, símbolos de proteção e status, tornam-se aqui também metáforas do excesso de conforto e distração: enquanto o mundo se aquece, nos blindamos com tecidos caros e filtros digitais.

O que resta é o simulacro
O trabalho expõe como as redes sociais intensificam essa sensação de superficialidade — tudo parece mais bonito, mais leve, mais passageiro do que deveria. A própria urgência da crise climática se dissolve em meio a selfies, hashtags e likes. O que resta é um simulacro: uma estética perfeita que encobre a realidade incômoda.
Oblivion não é sobre casacos, mas sobre o modo como preferimos vestir a ilusão em vez de encarar os fatos. É um convite a refletir: enquanto tratamos a vida como mais um feed, o planeta segue aquecendo — e talvez não reste muito tempo para revertermos esse esquecimento.




